"Língua - Vidas em português: Relatos."

 ESCOLA ESTADUAL AVERTANO ROCHA

Aluna: Joyce Dias da Cruz, 301


         A identidade cultural consiste em um conjunto de relações sociais e patrimônios simbólicos, compartilhados historicamente, em comunhão a determinados valores dentro de uma sociedade. Em sua complexidade, compreende manifestações que envolvem inúmeras situações, como a fala.


Assim sendo, pode-se afirmar que cultura é um conjunto de ideias, comportamentos, práticas sociais, passados de geração em geração. Isto é, consiste na herança social. A cultura brasileira tem sua matriz nas culturas portuguesa e afro, em virtude da colonização, em sua maioria, pelos portugueses. Destaca-se pela disposição e alegria, que incide, principalmente, na música, como o samba.


Um moçambicano ou quem quer que seja falante nativo da língua portuguesa, assim como no Brasil, possui características culturais únicas. Entretanto, em razão de suas peculiaridades e variações regionais, há diferenças quanto a percepção de algumas palavras e expressões, o que pode dificultar na comunicação.


João Ubaldo Ribeiro, José Saramago, Martinho da Vila, Mia Couto e Teresa Salgueiro são pessoas de renome no cenário da história da língua portuguesa e aparecem em “Língua: vidas em português”, que consiste em um documentário, dirigido por Victor Lopes, filmado em 2001. Lançado no ano de 2004, pauta-se em entrevistas aos locutores da língua portuguesa de diversos países, como Brasil, França, Índia, Japão, Moçambique e Portugal.


A exibição do cotidiano e cultura desses personagens anônimos evidencia a variação na pronúncia do português em cada uma dessas regiões devido às diferentes influências culturais nos costumes que elas sofreram e ainda sofrem.


Por meio de uma linguagem simples e bem convincente, o documentário cativa quem assiste, apresentando as mais variadas culturas, hábitos e rituais existentes entre as nacionalidades, apesar do idioma em comum. Grande parte dos falantes nativos da língua portuguesa se encontra no Brasil e em Portugal.


Derivada do latim, a língua portuguesa é vasta, diferenciando-se a pronúncia de país para país, bem como sofre influência de acordo com a classe social: a mais favorecida economicamente, que habita em meio urbano, adota a norma-padrão, articulando adequadamente as palavras.


Pode-se dizer que a comunicação evolui conforme as necessidades reais de cada grupo social. José Saramago afirma com convicção: “não há língua portuguesa, há línguas em português”. Apesar das variações na expressão verbal, a gramática emerge para assentar regras de escrita para uma pluralidade de regiões onde predomina determinada língua.


Através do documentário é possível explorar povos de culturas, sotaques, modas e musicalidades diferentes. É transmitida a importância da comunicação para as pessoas, ligadas por algo que as une, no caso, a língua portuguesa. Pessoas comuns contam um pouco sobre si: um brasileiro em Tóquio que trabalha como cozinheiro; indianos de Goa, que enaltecem sua diferença linguística, com a mistura do inglês ao idioma local; entre outros. Estes se expressam por meio da língua.


Independentemente de sua condição social, cor, raça e credo, seja vendedor de balas que ganha clientes com seu modo único de interagir, seja cantor de samba, como o Martinho da Vila, todos servem de inspiração ao mostrarem, dentro de suas realidades, como a língua se faz importante para conectar pessoas, transmitir conhecimento e disseminar culturas.


Com o avanço tecnológico, o idioma passa por muitas mudanças, nas quais termos novos vêm sendo incorporados. Surgem formas de expressão que possibilitam a interação com uma diversidade de pessoas. Apesar de tanta inovação na tentativa de transmitir pensamentos e sentimentos, é impossível exprimi-los claramente em sua totalidade, demonstrando que ainda há a limitação do ser humano quanto à comunicação.


A diversidade da Língua Portuguesa e sua constante transformação, com gírias e abreviatura de palavras, ocorre não apenas no Brasil, mas em outros países.


A Ciência Humana, durante séculos, não problematizou corretamente a identidade cultural. O desenvolvimento das sociedades modernas desencadeou grande preocupação quanto ao risco que o avanço da tecnologia poderia oferecer a grupos sociais vistos como os mais vulneráveis. Muitos defendem a preservação de determinadas práticas e tradições.


Atualmente, já são desenvolvidas ideias que questionam o conceito de identidade cultural. Com a globalização, a identidade cultural não define mais um indivíduo ou uma coletividade através de valores fixos e imutáveis do qual faz parte, bem como um grupo social não deve guardar apenas para si sua cultura, pois, somente propagando-a é conhecido o comportamento do indivíduo e seu respectivo “mundo”, para que não se perca ao longo dos anos.


O documentário amplia o conhecimento de quem assiste, uma vez que expõe a realidade da língua portuguesa pelo mundo, uma dimensão desconhecida por muitos, que vai além do território brasileiro. Além da vicissitude linguística, evidencia a diversidade étnico-cultural e político-social de cada país visitado, bem como a singularidade dos indivíduos, apesar de suas semelhanças.


Embora haja a difusão de informação em questão de segundos, é surpreendente o fato de pessoas falarem português na China ou no Japão. O documentário traz à tona que, no mundo globalizado, é possível que uma língua se ramifique em muitos continentes, preservando características que a tornam peculiar, sendo possível a identificação da mesma, embora se encontre em lugar diverso do que é considerado habitual, com formato diferente segundo a localidade, mas que, ainda assim, magnetiza povos de variadas culturas.


Transmite-se também um problema geral, que atinge grande parte do mundo: a carência de recursos para que a população possa viver com dignidade, educação, saúde, moradia, o mínimo de saneamento básico.


Através da arte, o ser humano é redescoberto como um ser sensível, diferente daquele enrijecido devido a luta diária pela sobrevivência. A língua portuguesa deixa de ser vista como um mero instrumento de comunicação, adotando um caráter pátrio, espiritualizado, mantido por meio de costumes que remetem à colonização portuguesa, como rezar para santos e cantar canções folclóricas. Por meio de histórias contadas por seus antepassados, as pessoas construíram lembranças de suas origens.


Em uma passagem do documentário, Mia Couto afirma que é possível viajar por pessoas, não por lugares. E esse parece ser o objetivo do diretor, haja vista que conta um pouco sobre as histórias de povos, cada qual em sua singularidade, mas que estão conectados uns aos outros pela similaridade da linguagem. É uma obra que enaltece não a língua portuguesa, mas as línguas em português, bem como as diferenças na fala, na sua desenvoltura, seja ela formal ou não, mas que flui por quilômetros de distância, por âmbitos étnico-culturais ainda não explorados.


Em suma, pode-se concluir, inclusive, que a obra em questão consiste em um estudo exploratório, que possui como objetivo mostrar as consequências que a ausência de reflexão acerca da importância das variedades linguísticas do Português pode trazer, a fim de que o público-alvo dissemine a sua valorização e divulgação pelo mundo, a sua promoção nos âmbitos político, econômico e, principalmente, cultural.


Tão logo, torna-se um ponto de partida para ensinar Português sob uma nova perspectiva, qual seja, a abordagem do papel que desempenha na sociedade atual. Reconhecer a transversalidade da literatura portuguesa também é importante para “adquirir sabedoria”, para se ter êxito na vida social e acadêmica, pois é praticado sempre, seja em áreas curriculares, disciplinares ou não.

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